Você não sabe o que é a CNV?
Não se preocupe: muita gente também não sabe.
Aliás, foi por isso que escolhi escrever sobre esse tema. Acredito que quanto mais gente conhecer e praticar formas autênticas, não-violentas, de se relacionar, mais bacana vai ser viver neste mundo.
Bora?
Ah, só mais uma coisa: não dá pra passar os olhos rapidão. Não vai fazer sentido. Você talvez precise ler com calma, parar e refletir. 😉
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Tem mais a ver com comunicar sua verdade, ser fiel a si mesmo e respeitar profundamente os sentimentos e necessidades da outra pessoa.
Conflitos são portadores de verdades.
O objetivo, portanto, não é se livrar dos conflitos, mas aproveitá-los como oportunidades para gerar intimidade.
Uma das principais fontes de mal-entendidos é supor que a outra pessoa entendeu o que você quis dizer. E vice-versa.
Portanto, é fundamental cultivar a prática de checar o que a outra pessoa nos ouviu dizer.
E, em contrapartida, verificar se o que ouvimos a pessoa dizer era efetivamente o que ela pretendia comunicar.
O diálogo é uma investigação conjunta, em equilíbrio de poder, sem saber de antemão onde vai dar.
É nossa própria incapacidade de lidar com a reação do outro.
A gente aprendeu a tolerar o intolerável — e ainda achar que a tolerância é uma coisa boa.
É o que querem que a gente pense.
Compreender empaticamente, e ficar por isso mesmo, apenas perpetua o problema ao torná-lo tolerável. Diante do que não serve à vida, é necessário ação. Vigorosa, se for o caso.
E, ao contrário, usar o diálogo para criar, conjuntamente, formas de lidar com cada situação que levem em conta os sentimentos e necessidades dos envolvidos.
Manifestemos firme intolerância ao ato, mas tolerância incondicional à pessoa.
O que me desconecta da minha humanidade é tudo que me impede de compreender o impacto das minhas ações sobre as outras pessoas.
É o que me faz esquecer de como a gente se sente quando prejudica alguém.
E o que, eventualmente, me faz encontrar boas razões para me fechar, roubar, atirar.
Melhor parar de viver procurando o culpado.
Tempo são escolhas que a gente faz.
Ao contrário de oferecer uma escuta livre de expectativas e suportar estar com o outro em sua angústia.
Reduzir o outro a algum tipo de bicho (burro, vaca, verme), por exemplo, é o prenúncio de formas mais graves de violência.
Antes mesmo do Holocausto, os nazistas retratavam os judeus como ratos.
É maravilhoso testemunhar o poder de alguém que recuperou sua dignidade.
Fomos ensinados, desde pequenos, a negligenciar nossas próprias necessidades, a fim de prestar atenção às demandas dos outros.
Uma das maiores fontes de conflito é esperar dos outros que atendam nossas necessidades não atendidas.
Precisamos cultivar compaixão por nós mesmos e pelos outros, por nossas necessidades não atendidas. E, ao mesmo tempo, compreender que não somos mais crianças.
E o caminho para atender às minhas necessidades é transformá-las em pedidos que o outro pode ou não atender.
É crucial compreender que a outra pessoa não é obrigada a satisfazer às nossas necessidades.
O outro é livre para agir como achar melhor.
Aprender a comunicar os próprios sentimentos e necessidades de modo firme e, ao mesmo tempo, empático, ao contrário, é o caminho para experimentar conexão genuína, sentido e profundidade.
E só se aprende a nadar na água.